domingo, 26 de outubro de 2008

Escrito por Marina (10 anos)

Eleuza Aparecida Ribeiro, aluna da disciplina Prática de Ensino III, da Sumaré, reenviou a mensagem que segue.
Sugiro que leiam com muita atenção o texto escrito por Marina, que tem apenas 10 anos de idade.
"Queridas profª, a Marina é filha da Sandra, da nossa turma de Pedagogia( SPEM1A)
- Segue texto escrito pela Marina (minha filhinha de 10 anos, completados agora no final de setembro).
Fala sério, pessoal!!!!!!!!!!!!!!!
Eleuza, se puder, envie para Gracia e para a Ziláh, pois sei que elas vão gostar de ler este texto escrito por uma criança!
bjs
Sandra Paiva "


O Mundo hoje em dia.

Hoje, o mundo está diferente do dia que eu nasci.
Quando eu era bebê, mesmo não entendendo o que me diziam e chorando por tudo, eu era feliz por saber que eu vivia num mundo muito bonito e colorido.
Eu sorria ao respirar o ar puro e ao ver as árvores (enormes) à minha volta.
Eu ficava contente quando via os amigos se cumprimentando e as pessoas respeitando umas às outras.
Eu ria quando via passarinhos pousados nos grandes e quebradiços galhos das árvores velhas e grossas à minha volta.
Eu respeitava a natureza, apenas por saber que ela existia, por sentir sua beleza, ver suas formas e olhar para o céu azul escuro, e estrelado, à noite.
Hoje, não é mais assim.
Hoje, nesse mundo cinza, com esse monte de tecnologia “avançada” e com pessoas dominadas por dinheiro e televisão, eu não sou mais tão feliz assim.
Hoje, há pessoas que não compram para viver.
Elas vivem para comprar!
Quantas pessoas já não morreram por causa de jóias?
Quantas pessoas trabalham duro cada segundo de sua vida, por algumas notas de dinheiro?
Esse não é o meu mundo. Não é onde eu escolheria viver.
Agora, você está lendo esse texto, você deve com certeza estar pensando:
“puxa, é verdade”, mas será que depois de ler, você vai fazer alguma coisa?
Não!
Você simplesmente vai esquecer minha obra, vai viver sua vida sem ligar, porque é difícil.
Ora, se mudar não fosse difícil, o mundo seria bem melhor, não acha?
Veja.
Eu sou apenas uma criança normal de 10 anos, mas já tenho consciência disso.
Mas eu ficar aqui escrevendo, não vai resolver.
As pessoas pararam de ajudar, simplesmente porque é difícil.
Você conhece a história do rio Tâmisa? Ele estava sujo. Mas tão sujo, que não se podia beber sua água sem se intoxicar.
Mais ou menos tipo o rio Tietê, daqui de São Paulo.
Sabem, o Tâmisa foi limpo. Mas durou 20 anos.
Têm noção do que são 20 anos? Pois é.
Mas agora ele é um rio bonito e limpo.
E sabem por quê?
Porque não desistiram.
Era difícil, mas eles continuaram. Apesar de tudo e de todos, eles persistiram.
E hoje, perto do Tâmisa é legal de se morar.
Na escola, eu sou conhecida porque sei desenhar muito bem.
Meus amigos dizem assim:
-Ah, queria desenhar como você.
-Como você consegue?
E eu respondo que eu nunca desisti de tentar. Nunca.
Desde os meus rabiscos, até os bonequinhos palito, depois para as casinhas, para os cães, gatos, ratos, até eu ganhar prática, e bem depois disso, eu nunca desisti.
E hoje eu sei.
Porque eu tentei.
Guardem essas 9 palavrinhas para o resto de suas vidas, e se lembrem delas nos momentos difíceis.
“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.

Autor: Marina Paiva Ribeiro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Grupo de Campo Limpo

Hoje eu me sinto totalmente gratificada depois de uma reunião com o grupo de educadores que fazem parte do projeto de alfabetização de adultos da Cúria Diocesana de Campo Limpo/SP, ligado ao IBEAC.
Encerrando as atividades de formação de 2008, foi feita a apresentação de alguns trabalhos realizados com suas turmas e pude perceber o tamanho do compromisso que estes educadores têm com os aprendizes. Com todas as dificuldades, seja de formação ou mesmo de desenvolvimento do trabalho, eles realizaram coisas incriveis, razão pela qual eu abro este espaço para que publiquem, em resposta a um desafio lançado, os relatos de suas experiências.
Vai ser "de Campo Limpo para o mundo".
Parabéns, colegas.
Esperamos vocês por aqui.
[ ]s
Zilá

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Independência ou morte? Não, não... Leitura de mundo

O texto que segue é uma contribuição enviada por nosso colega Rodrigo Augusto Fiedler do Prado Lemos, da turma D.

Independência ou morte? Não, não... Leitura de mundo


Teria sido mais fácil acordar se não fosse pelo frio fora de época. Os cobertores múltiplos confundiam-se ora com o próprio corpo, ora com a calefação artificial da qual não precisamos nos trópicos. Mesmo assim, aos toques insistentes de um rádio-relógio, abri as inertes retinas e vi que pela janela o céu se mostrava cinza.
Num sem passo apressado, pus roupas como quem veste coragem e, sem desjejum algum, saí rumo a estação do metrô. O dia prometia inigualáveis aventuras... Todos os pormenores deveriam fazer-me atento. As imagens quadráticas a vislumbrar de um simples vagão, as esquálidas estruturas de uma cidade imensa, embora frágil, os bairros cheios de sotaque, os transeuntes, o céu cinza, da cidade cinza. As cinzas estruturas concretas armadas de cada estação.
No Tatuapé encontrei a moçada: jovens barulhentos à espera do pseudo-guia (outrora mestre) que os levaria pelos quatro cantos do poligonal centro de São Paulo - geométrico, arquitetônico, multifacetado centro. Havia mochilas, sacolas, violão, lanches secretos, sorrisos maravilhosos e muita, mas muita felicidade no ar. Cheguei a pensar que o céu muda de cor com tanto alto astral. Embarcamos.
A cada estação uma novidade, no alto de minha enorme experiência como guia turístico de grandes cidades (mentira, mentira), ia passo a passo mostrando curiosidades que margeavam a linha do metropolitano: a catedral da Congregação Cristã, a antiga fábrica dos Moinhos Santista, o centro de migração nordestina, o vale do Tamanduateí, o treme-treme. Descemos na Sé e mergulhamos nos subterrâneos sem paisagem de São Paulo.
Em poucos instantes, graças à competência veloz dos trens da linha azul, atingimos nosso primeiro destino: a Luz - um universo de gentes de todos os lados, arquiteturas britânicas, labirintos levando a todos os cantos. Um apanhado de pessoas sem história, de estórias sem pessoas, de migrantes, caipiras, suburbanos, estudantes, marafonas, meretrizes, traficantes, hotéis de quinta, pocilgas, pardieiros e pásmem, um apanhado de vida. Vida viva, vida concreta, vida materialistamente histórica. Uma vida de contrastes onde o belo e o feio se fundiam em pés direitos de construções à míngua misturadas com edificações restauradas... via-se ali os efeitos da roda da fortuna e da destruição.
Seguimos, sob um sol tímido, mas já aparente, rumo à nossa delícia gastronômica: o Mercadão Municipal da Cantareira. Segunda parada. No caminho entre as ruas Florêncio de Abreu, Paula Souza, 25 de março e Barão de Duprat, discussões ideológicas sobre política, economia, partidarismos confundiam-se com as explicações que dava sobre a origem dos comércios, a escolha dos imigrantes, etc.. O menino Harry insistia em defender Maluf, Marcela defendia Marta, e todos defendiam a vontade de comer o belíssimo e famoso lanche de mortadela (na verdade, eu acho esse lanche um abuso, um absurdo, uma ode ao desperdício, mas...). Música, rock e cultura também eram assuntos discutidos à exaustão. Hummm, isso dava uma fome!
Lá no mercado, nos separamos e eu marquei um horário neutro para nos encontrarmos - às onze - mas antes disso já estávamos juntos de novo. Não sei, parecia uma simbiose, queríamos estar juntos todo tempo, comentando sobre frutas, vitrais, preços exorbitantes, preços módicos, sabores exóticos e papos de aranha. Queríamos fazer rock'n'roll, queríamos cantar, tocar e aplaudir, queríamos sorrir, quem sabe chorar. Curiosidades e emoções andavam lado a lado assim como nós: mais de vinte jovens em busca do mundo, no centro de um mundo, no centro do centro, indo ao centro de si.
Sentamos do lado interno do velho edifício e, mesmo sem pedirmos autorização, sacamos a viola do saco e começamos algo longe de ser chamado de "jam". Acordes equivocados, vozes desafinadas, palmas sem ritmo, valia tudo. Gordinho foi de Skank e eu de Cazuza, arriscamos um uníssono em Cássia, passamos pelos Paralamas e claro, desembocamos no lugar comum, quando alguém por brincadeira gritou:
- Toca Raul !!!
Após o breve sarau, continuamos nossa empreitada. Fomos à Boa Vista, ao Convento de São Bento, ao Martinelli. No Martinelli, Maria, que já esteve nos EUA percebeu se tratar de uma réplica do edifício Dakota, aquele, em frente ao Central Park, onde um tal de Chapmann alvejou fatalmente John Lennon. Seguimos pela Quinze, conhecemos as Bolsas, prédios nobres, Times Square paulistana. De repente, acenamos uma vista inusitada: um homem e seu violão, dedilhando canções ao esmo, para pássaros, transeuntes apressados e claro, para nós. Ouvimos atentos seus acordes e depois, via de regra, demos a ele algumas moedas. Aline, Jay e Kay com seus respectivos namorados, ficaram encantadas. Rumamos para a próxima parada: Pátio do Colégio.
Assim que avistamos o primeiro marco zero da São Paulo de Piratininga, vimos que a visita renderia mais do que o esperado. Um grupo de "performers" ensaiava uma coreografia oriental em pleno pátio, sobre as pedras do calçadão. Arthur se deslumbrou com o que viu e , eu, sagaz, percebi seu deslumbre. Chamei-o para entrevistar a diretora do espetáculo. Foi bárbaro.
Dentro da igreja, aquela, fundada por Anchieta, comecei a explanar sobre os desvarios da Companhia de Jesus, que, ao lado de Francisco Pizzarro, ajudou a dizimar as tribos ameríndias viventes por aqui no século XVI. Fui chamado à atenção. Uma historiadora jesuíta me coibiu, censurou. Disse-nos que aquilo tudo que eu professava era "mentira". Tudo bem, num país democrático as pessoas têm, inclusive, o direito de censurar (contraditório, não?). Aquilo nos gerou uma sensação de desconforto e então seguimos para a Praça da Sé. Dos muitos atrativos do coração paulistano, escolhemos o Caixa Cultural, que possuia uma mostra sobre Jorge Amado, um de meus ídolos.
A mostra era fantástica. Havia esteiras de palha no chão cujo objetivo era, de fato, fazer-nos descansar. Assim o fizemos, quando, do nada, surgiu uma guia, historiadora (porém bem diferente da anterior, lá do Pátio. Ela nos deu uma verdadeira aula sobre Jorge e suas baianidades. Falou-nos das obras em exposição e claro, sobre a biografia do autor mais molemolente de nossa literatura.
Alguns não gostaram, outros, demasiadamente cansados, demonstravam que o dia já se findava. Decidimos então encurtar o passeio e fomos rumo à linha de chegada: Praça da República. No caminho, mostrei à turma a Rua Direita, Praça do Patriarca, Líbero Badaró, Prefeitura e paramos por alguns instantes sobre o britânico Viaduto do Chá. Vislumbramos uma São Paulo que não conhecíamos: verde, singela, tranqüila e bela. Mães de Santo, ciganas, meninos de rua e mendigos já não mais enfeiavam o espectro caótico, porém cosmopolita e desenvolvido da nossa São Paulo, pelo contrário, tornavam-se espectros necessários para a compreensão de um mundo infelizmente desigual, mas, que mesmo assim, abrigava a todos.
Na frente do Municipal, a galera do teatro não se fez de rogada. Emocionaram-se tamanha era a beleza do prédio, sua arquitetura, sua história, suas criptas, seus "Dons Giovannis", "Toscas", "Madames Butterfly", "Clara Crocodilos" e, claro, seus Mários, Oswalds, Tarsilas e Anitas todos vivos, de braços abertos nos esperando em plena escadaria. Era 2008, mas poderia ser um dia de fevereiro de 1922.
Na Barão de Itapetininga, ainda nas cercanias do teatro, um "homem-estátua" cativou nossa turma. Mônica resolveu dar-lhe um trocado e quase se assustou quando ele se mexeu, imprimindo na brincadeira, um ar para lá de sensível. Ela ganhou um brinde, e saiu feliz da vida. Logo á frente, a turma do Racional, um movimento charlatão que mescla gnose com espiritismo chamou muito a atenção da maioria. Precisei intervir, pedindo para que não dessem atenção. Enfim, nossa trilha urbana de leitura sem livros e sem letras estava entrando no epílogo. Faltava forrar os estômagos, quando me deparei com uma lanchonete bem típica do centro de São Paulo em plena República. Entrei e indaguei ao balconista se, caso comprássemos refrigerantes, poderíamos comer nossos lanches até então secretos. Ele não hesitou, todavia, cobrou cinco reais por cada coca-cola.
Fiz com que todos entrassem e se acomodassem em cadeiras quase desconfortáveis. Dominamos o espaço. Arthur, Vítor e eu, em conjunto de Ísis e sua fiel irmã-escudeira, arrumamos as mesas e começamos um abrir desconexo de caixas, potes, cumbucas e sacola. Brotaram do nada bolos de banana, de baunilha, de côco, quibes de sabores diferentes, pães de queijo, bisnaguinhas com frios e o mais aguardado dos lanches: o sanduíche vegetariano de Arthur. Marcela organizou a bagunça e começamos a nos servir. Comemos quase tudo, tamanha era a fome. O sanduíche de tofu surpreendeu e extrapolou as expectativas; cinco cocas foram evaporadas e um gostinho de quero mais começou a se instalar no ambiente. Oramos, brindamos, comemoramos e já sentíamos saudade de um dia que sequer havia acabado.
Para finalizar o processo de interação com um mundo tão velho, embora novo, recolhemos as sobras (não pejorativo) dos alimentos, organizamos em sacolas e procuramos a quem distribuir: foi fácil, pois na "Panamérica África utópica, mais possível novo quilombo de Zumbi", havia quem tinha fome e que sem saber que o estava fazendo, permitia que novos estudantes passeassem na sua garôa e que pudessem, de fato, curtir tudo isso, numa boa.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O QUE FAZER COM OS ALUNOS QUE PARECEM NÃO APRENDER?

O texto abaixo é um recorte do Projeto Toda força ao 1º ano - volume 3. SME-SP, 2006 (p. 16 - 19) e tem a intenção de trazer uma referência para reflexão e incorporação à prática do educador de “dicas” para a situação :

O QUE FAZER COM OS ALUNOS QUE PARECEM NÃO APRENDER?

Depois que fizer as sondagens de escrita para avaliar as aprendizagens, dedique maior atenção àqueles alunos cujos resultados não correspondem às expectativas de aprendizagem, ou seja, que ainda não escrevem segundo a hipótese (...) alfabética. Se mostrarem avanços, mas estes ainda forem pequenos, o que fazer?
Vários aspectos merecem ser considerados, mas um deles é fundamental: precisam do seu acompanhamento diferenciado e próximo. Mesmo que contem com a ajuda dos colegas nas propostas em duplas, é indispensável a intervenção direta e constante do professor. Seu apoio será importante, em certos momentos, para incentivá-los a continuar manifestando suas idéias. A relação que você estabelece com cada um e com o que ele produz é fundamental para que se sinta capaz de aprender. Em outros momentos, porém, cabem intervenções mais explícitas para que fiquem atentos às características do sistema de escrita; é o caso, por exemplo, de quando você pede para ajudarem a escrever certas palavras, faz perguntas sobre as letras iniciais ou finais etc.
Oferecemos aqui diversas sugestões de intervenções nesse sentido (...). Com certeza você saberá adaptá-las a sua classe e às necessidades de cada um de seus alunos.
(...) Apresentamos a seguir algumas orientações gerais, que serão úteis no encaminhamento de qualquer atividade, com o intuito de criar condições para atender o maior número possível de alunos com dificuldades.

1 - De posse das sondagens realizadas e da comparação dos resultados, identifique os alunos que necessitam de mais ajuda.
Esse procedimento é essencial. É verdade que no dia-a-dia você obtém muitas informações acerca do que cada aluno já sabe. Mas as sondagens servem justamente para fortalecer essas impressões e, ao mesmo tempo, garantir que nada escape ao seu olhar. Sempre há alunos que não chamam tanto a atenção e não costumam pedir ajuda (são tímidos ou preferem não se manifestar), mas mostram, ao longo do ano, avanços menos significativos do que seria esperado, indicando que necessitam de um acompanhamento próximo – e isso não seria percebido sem a realização de sondagens periódicas.

2 - Organize as duplas de modo que os dois parceiros estejam em momentos razoavelmente próximos em relação às hipóteses de escrita.
Mais uma utilidade das sondagens: permitir que você agrupe os alunos de acordo com critérios mais objetivos. É sempre importante lembrar que a função das duplas não é garantir que todos façam as atividades corretamente, mas favorecer a mobilização dos conhecimentos de cada um, para que possam avançar. Lembre-se também de que uma boa dupla (a chamada dupla produtiva) é aquela em que os integrantes fazem uma troca constante de informações; um ajuda de fato o outro, e ambos aprendem. Preste muita atenção às interações que ocorrem nas duplas e promova trocas de acordo com o trabalho a ser desenvolvido.

3 - Organize a classe de modo a deixar os alunos que mais necessitam de ajuda mais próximos de você (...)
A tarefa do professor é altamente complexa. Inúmeras variáveis intervêm para que o objetivo de favorecer a aprendizagem de todos seja alcançado. Às vezes, detalhes permitem gerenciar melhor a ajuda que você pode oferecer. Um deles é o modo de organizar o espaço da classe. Se os alunos que demandam mais apoio e se dispersam com facilidade estiverem mais próximos a você, será mais fácil observar, orientar e intervir no trabalho que realizam.

4 - Explique a todos o que deve ser feito em cada atividade, mesmo naquelas complementares, propostas apenas para os alunos que já escrevem convencionalmente.
Este é mais um cuidado para potencializar a ajuda valiosa que você pode oferecer aos alunos que têm dificuldade. Se todos os alunos já sabem o que precisam fazer, seu apoio será mais produtivo para os que necessitam dele. Não se esqueça de explicar também a atividade complementar, a ser feita apenas por aqueles que trabalham num ritmo mais rápido, por lidarem melhor com os conteúdos propostos.

5 - Após ter dado orientação para todos os alunos, caminhe entre eles e observe seus trabalhos, especialmente os daqueles que têm mais dificuldades.
É importante circular entre os alunos enquanto eles trabalham, por diversos motivos: avaliar se compreenderam a proposta, observar como estão interagindo, garantir que as informações circulem e que todos expressem o que sabem. Quando necessário, procure questionar e interferir, evitando criar a idéia de que qualquer resposta é válida. Observe também se o grau de dificuldade envolvido na proposta não está muito além do que podem alguns alunos, se não está excessivamente difícil para eles.
Cada atividade (...) deve propor desafios destinados a favorecer a reflexão dos alunos. Muitas vezes você deverá fazer ajustes: questionar alguns para que reflitam um pouco mais, oferecer pistas para ajudar os inseguros. (...)

6. Se tiver muitos alunos que dependem de sua ajuda, acompanhe algumas duplas num dia e outras no dia seguinte. Lembre-se de que é necessário planejar diariamente atividades dedicadas à reflexão sobre o sistema de escrita (de escrita ou de leitura pelo aluno), já que esta é uma das prioridades (...) na fase de alfabetização inicial.
Não podemos ajudar todos, o tempo todo. Por isso, você precisa se organizar para melhorar as intervenções do ponto de vista qualitativo. Uma forma de garantir esse acompanhamento é sempre dar atenção particular a alguns alunos a cada dia. Além disso, a organização do trabalho em duplas permite que, mesmo nos momentos em que não contam com sua ajuda, possam trocar informações e se confrontar com idéias diferentes.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Práticas de Escrita

Quem motiva quem em sala de aula? Ler e escrever, um grande prazer...


“Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividade do de Língua Portuguesa, quase sempre responsabilizado pela dificuldade do aluno de interpretar questões de outras disciplinas. O desconhecimento do que seja leitura e dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos leva as pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de linguagem.
A noção textual usualmente presente na escola, entretanto, empobrece o trabalho com a leitura/escrita, pelo fato de tratar de maneira idêntica qualquer texto, desconsiderando suas especificidades e intenções.
No ambiente escolar, o texto é abordado como um produto, ignorando-se, assim, a dinamicidade de seu processo de significação, que inclui a consideração de estruturas, de conhecimentos prévios partilhados, de múltiplos recursos semióticos, como a imagem e, ainda, as condições de produção: o contexto, os sujeitos envolvidos nessa ação de linguagem, as intenções comunicativas, o meio de circulação do texto.
Apesar do surgimento das novas teorias que sustentam a produção textual, a partir dos anos 80, a qualidade das redações dos alunos pouco alterou. Os textos continuam artificiais, padronizados, mal seqüenciados, intraduzíveis e fora de seu contexto de produção.
Para que haja mudança no quadro é necessário que o professor passe a olhar a produção escrita do aluno não atrás de erros, atentando apenas para a linearidade do texto, mas buscando ver o significado e as formas de construção desse significado.”

Honoralice de Araújo Mattos Paolinelli (UNINCOR)
Sérgio Roberto Costa(UNINCOR)

Neste espaço pretendemos discutir a questão da escrita como práxis, não só para repensar esta problemática (na escola e fora dela) mas, sobretudo, para estudar e delinear procedimentos de ação mais consistentes neste domínio, praticando práticas de escrita diversificadas e estratégias de correção e avaliação mais construtivas, que implicam na produção e no compartilhar dos materiais produzidos.
Fica, aqui um convite para que você venha experimentar esta prática, não apenas como recurso de sua aprendizagem, mas especialmente como uma contribuição para quem se interessa pela temática em questão.
Seja bem vindo!

Zilá