sábado, 21 de agosto de 2010

LER E ESCREVER E SUAS COMPLEXIBILIDADE

Inicio meu texto ressaltando: “Quem escreve, tem a intenção de revelar-se para os outros e traçar um destino de sua escrita como meio de comunicação, saiba essa pessoa ou não, mas essa é a função da escrita”.
Foi muito difícil conseguir realizar a tarefa de entrevistar uma pessoa analfabeta, devido ao constrangimento de expor algo que para muitos é essencial na vida do ser humano, ou seja, saber ler e escrever mesmo que essa pessoa consiga dar conta dos seus problemas cotidianos e pessoais por meio dos diversos tipos de linguagens existentes na sociedade. A sociedade atual possibilita ao individuo se comunicar de diversas maneiras, sendo ele leitor, escritor ou não, basta que manipule, explore as diversas ferramentas disponíveis a ponto de superar ou suprir como desejar o que conhecemos como ANALFABETISMO FUNCIONAL. É importante ressaltar que analfabeto funcional se caracteriza o individuo maior de quinze anos que possui ou nem completou a series iniciais do Ensino Fundamental I, ou seja, até a quarta série, não podemos esquecer que hoje na nossa atual sociedade nos deparamos com indivíduos com nível superior que se enquadram como analfabetos funcionais, aí que entra o título do meu texto “LER E ESCREVER E SUAS COMPLEXIBILIDADE”, o assunto é tão polêmico e complexo que são divididos por níveis de alfabetização funcional.
Em minha opinião o buraco é mais embaixo coberto por um enorme lençol branco, ou seja, o processo é histórico, com uma enorme influência da relação escola com o trabalho. Em uma matéria recente da Revista Nova Escola ANO XXV – Nº 230 – MARÇO 2010 no caderno O X DA QUESTÃO, demonstra claramente a posição constrangedora do Brasil no ranking de desenvolvimento da Educação, evidenciando que é preciso investir muito mais para melhorar a situação do analfabetismo. O Brasil aparece na incômoda 88º posição longe dos nossos vizinhos Argentina, Uruguai e Chile, vale a pena ler a matéria irão ver que para sanar essa situação desagradável é preciso romper com á infraestrutura de poderes, dar livre arbítrio ao ser humano no que diz respeito à educação, ao acesso as fronteiras do conhecimento. Deixarei aqui um poema de João Cabral de Mello Netto no qual trabalhamos na disciplina LEITURA, GÊNEROS TEXTUAIS E PRÁTICA SOCIAIS com a professora Renira que vem de encontro com minha inquietação diante do tema exposto, onde o escritor afirma em seu poema “TECENDO A MANHÃ, que o "hoje" é nosso para formarmos uma nova sociedade. Cada um pode fazer a sua parte, contribuindo com o coletivo, através da percepção dos problemas sociais que assolam o Brasil e do engajamento para a resolução destes”.
TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece uma manhã:ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe o grito que ele e o lance a outro; de um galo que apanhe o grito que um galo antese o lance a outro; e de outros galos que com muitos galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. .....................................................
Muitos devem estar se perguntando por que tudo isso, se a tarefa era escrever sobre: A ESCRITA EM TEMPOS DE NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO, fazendo paralelo da entrevista com a pessoa analfabeta e dos filmes CENTRAL DO BRASIL E NARRADORES DE JAVÉ, o que posso dizer que meu entrevistado me fez lembrar muito dos filmes mencionados, a partir das perguntas: De que maneira, atualmente, você se comunica com quem mora longe? Antes disso, como você fazia para se comunicar com essas mesmas pessoas? A escrita faz falta? Em que situação?
Bom! Meu entrevistado tem 45 anos, solteiro seu nome é Paulo Tadeu de Sousa Neves aos três anos de idade teve paralisia infantil, tem uma deficiência em seu antebraço e mão direita características essa que o levou ao abandono escolar ainda no primeiro semestre do 1º ano, devido às chacotas de outros alunos e troca de sua primeira professora na qual ele tinha um enorme carinho, na chegada da nova professora perdeu o interesse pela escola e pelos estudos.
Paulo trabalha em uma empresa de turismo “VIAÇÃO ULTRA”, há vinte e três anos mesmo sem ter contato com a leitura e escrita da forma convencional da sociedade, consegue levar a vida de maneira simples e com honestidade. Diz que nunca precisou fazer contato com outras pessoas, sendo que mora com seu irmão e sua mãe, a não ser uma vez ou outra, com uma irmã que mora no Guarujá através do uso do telefone, tecnologia essa que ele domina muito bem, através da memorização dos numerais. Ressalta que a escrita faz falta na sua vida em momentos burocráticos como contrato de locação, uma vez que mora de aluguel, onde solicita ajuda de sua sobrinha formada em direito, sem esquecer dos momentos de receber seu pagamento que tem que fazer uso dos caixas eletrônicos. Recentemente teve uma experiência muito desagradável devido não saber fazer uso de algumas tecnologias que requer o mínimo de leitura, o uso dos caixas eletrônicos tendo que pedir ajuda para fazer saques, foi furtado sem que percebesse por pessoas do próprio ambiente de trabalho, é nesses momentos que ele sente muita falta da leitura e escrita.

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